> A graça dos momentos ordinários
Nesta semana, a partir de uma aula que tive sobre o bem envelhecer, me peguei pensando sobre algo. A aula foi sobre a mente em movimento, no sentido da importância de termos boas memórias, pois com a idade mais avançada elas podem ser um dos nossos refúgios. E teve uma frase que saltou aos meus olhos:
“Nossa percepção de futuro pode ter uma grande dependência da memória de experiências passadas. Então, se desejamos mudar o futuro, o caminho é redimensionar a sua relação com o presente.” (Ana Claudia Quintana Arantes)
O que entendi e tomei para mim desta frase é que de nada adianta apenas pensar no futuro se a minha relação com o presente não estiver minimamente boa.
Se pararmos para analisar temos a tendência a guardar com mais força no nosso baú de recordações os acontecimentos extraordinários da vida: um nascimento, uma formatura, um casamento, uma separação, uma festa, uma viagem, um show memorável, etc.
Entretanto, penso que na vida temos mais momentos ordinários do que momentos extraordinários. A nossa rotina é majoritariamente ordinária: é o acordar, é o comer, é o trabalhar, é o resolver coisas, é o tomar banho, é o dormir, dia após dia.
Então quando a Dra. Ana Claudia fala sobre redimensionarmos a nossa relação com o presente, ao menos para mim, a provocação que fica é ver graça, ver força, ver beleza também nos momentos corriqueiros e ordinários das nossas vidas.
O convite que faço a mim e a você é que possamos nos permitir produzir boas memórias também nos nossos dias comuns: tomarmos um café com o rosto no sol, tomarmos um banho com presença para sentir nossos corpos, ouvirmos uma música que nos toca e cantarmos a plenos pulmões enquanto estamos em trânsito e o que mais nos fizer sentido.
Que possamos treinar nossos olhos para enxergarmos graça também nos momentos ordinários da vida.
Termino parafraseando a monja Pema Chodron que diz: “Aprecie tudo, mesmo o ordinário. Especialmente o ordinário.”
Por Tati Girardi – @tati_girardi_terapeutah
Nenhum Comentário