Tem textão sim: quando a cabeça aprisiona.

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Tem pelo menos duas semanas que estou me enrolando para escrever sobre algo que me atravessou no meu primeiro dia de férias no Rio de Janeiro.

Primeiro porque nossa mente tende a nos contar algumas mentiras quando se trata de fazermos ou pensarmos em algo que nos seja desconfortável e, é claro, que caímos e acreditamos. ‘Hey, não pense nisso agora, você está de férias, precisa descansar.’, ‘Mas como assim você quer fazer um desenho se você é péssima nisso?’ ‘Será que não seria melhor contratar um ilustrador?’”Blá, Blá, Blá’…

Enfim, eis-me aqui: me arrisquei e fiz o desenho, ainda que eu tenha que explicá-lo, o importante é que para mim me fiz entender o que se passou/passa aqui dentro: apesar de me trabalhar muito internamente, ainda me pego totalmente na cabeça (daí a sensação de uma cabeça enorme), totalmente presa à minha mente.

Explico: gosto muito de me exercitar porque é uma das coisas que me energiza e que contribui para a minha saúde mental, além da física, é claro. No meu primeiro dia no Rio, obviamente fui me exercitar na orla. O plano era fazer um cardio de 50 minutos. Então, metódica que sou, como se estivesse limitada à esteira da academia, coloquei no cronômetro 25 minutos para ir e 25 minutos para voltar, por volta de 5km.

Entretanto, conforme eu caminhava, aos poucos fui saindo da cabeça e sentindo meu corpo e ele me dava sinais claros de que gostaria de continuar indo para a frente, ainda que os 25 minutos já tivessem passado. Dei voz ao meu corpo e tive uma das experiências mais gostosas em um domingo despretensioso e chuvoso na minha própria companhia.

Quando percebi, minhas pernas tinham me levado até um dos lugares que mais gosto de contemplar, a pedra do Arpoador. Tomei uma água de coco, fiquei olhando o mar por um tempo e por alguns momentos pude sentir a liberdade de sair da prisão/limitação que muitas vezes a minha mente me coloca, quer dizer, eu me coloco.

Aproveitando esse momento liberto, ao invés de voltar pela orla, me lembrei da feirinha que acontece na Praça General Osório em Ipanema e para lá me levaram as minhas pernas. Com todo o meu corpo, vi coisas bonitas, bati papo com os artesãos, tomei meu suco de melancia preferido e horas e muitos quilômetros depois voltei saltitante para casa.

Toda essa experiência me fez perceber o quanto ficar somente na cabeça muitas vezes nos limita e aprisiona e quanto o nosso corpo sempre nos traz notícias de também contar com ele porque ele pode nos trazer sensações memoráveis.

E finalizo com uma frase que sempre me impacta: “as pessoas só ficam interessantes quando começam a sacudir as grades de suas gaiolas.” (Alain de Botton)

Por Tati Girardi – @tati_girardi_terapeutah

 

1 de abril de 2024
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